A internacional fascista tem sua liderança em Portugal, André Ventura, líder do partido neofascista.
"Ventura, líder de um pequeno partido, aproveitou-se da cobertura de imprensa mundial sobra visita do presidente Lula à sessão solene da Assembleia da República, em homenagem à Revolução, para obter protagonismo" - Ricardo Stuckert
O nazismo, o fascismo em alemão, se fez espalhando o terror e acalentando o medo. De sua fundação ao controle do governo alemão em 1933, o Partido Nazista utilizou-se do terror industrial para moldar a conjuntura a seu favor. Sua principal estratégia era espalhar a peste para depois apresentar a cura. Seu principal instrumento de convencimento político e angariação de apoio eram as tropas paramilitares do próprio partido, conhecidas na língua portuguesa por SA. Em bandos uniformizados, armados e em conluio com as polícias e as forças armadas quebraram, machucaram, reprimiram, violentaram. Investiram contra as manifestações políticas defensoras da democracia, as comunidades Cigana e Judaica, estrangeiros e quaisquer alemães que lhes interessasse ou lhes aprouvesse.
Na Itália da atualidade Matteo Salvini, o grande líder do neofascismo e vice primeiro-ministro, repete a mesma estratégia. Espalha terror entre os italianos incautos e desesperados por emprego, saúde e segurança que seu governo não é capaz de oferecer. Sua fórmula é espalhar o ódio contra não italianos, em especial contra imigrantes. Dizer que são esses, e não os vinte anos de desastrosos governos de direita e neoliberais que destroçaram e desorganizaram a economia a partir de eliminação dos sistemas de proteção social, é a maior de suas mentiras. O grande ódio que dissemina.
Bolsonaro é a versão densamente povoada desta reciclagem fascista. Em um país continental convergiu com cultura construída pelo medo. Da chibata, da escravidão, da tortura, da monarquia, da ditadura. No governo, Bolsonaro mobilizou a metade dos brasileiros contra a outra metade nas mesmas bases de Salvini, responsabilizando a vítima pelo cometimento do crime. Espalhou mentiras, desinformações, favoreceu os muito ricos, impôs o pânico da morte. Como profilaxia ofereceu vermífugo, obscurantismo, porte de armas, fantasmas medievais enquanto a agro burguesia e lúmpen burguesia amealhavam terras, ouro e isenções fiscais.
"A internacional fascista tem sua liderança em Portugal, André Ventura, líder do partido neofascista"
Essa internacional fascista tem sua liderança em Portugal, André Ventura, líder do partido neofascista. Sem pudor, utilizou-se das comemorações da Revolução de 25 de abril de 1974 - que pôs fim à ditadura fascista para por luzes sobre o partido neofascista. Um paradoxo que a política permite. Ventura, líder de um pequeno partido, aproveitou-se da cobertura de imprensa mundial sobra visita do presidente Lula à sessão solene da Assembleia da República, em homenagem à Revolução, para obter protagonismo. Neste caso o terror está em sua aparição. Cinco décadas depois do fim da ditadura, da extinção da polícia secreta, da libertação dos povos africanos, da condenação dos torturadores deparar-nos com existência de quem defenda a restauração do passado autoritário e colonial, é o próprio terror.
Esses três neofascistas se encontrarão em uma reunião de cúpula da extrema direita que se realizará dias 13 e 14 de maio, em Lisboa. Objetivamente, pouco terão a oferecer à humanidade, mas a capacidade destes em se articular, movimentar e mobilizar setores da sociedade coloca em alerta todo campo democrático no mundo. O fantasma do colonialismo, da guerra de extermínio se materializa e moderniza na guerra aos imigrantes, na defesa dos privilégios classistas e na extinção dos direitos sociais.
Nem mesmo as vitórias eleitoras de Boric, Petro ou Lula ou os governos social democratas de António Costa ou Olaf Scholz são suficientes para considerar o perigo fascista superado. O terror como método político tem sua eficiência ampliada em períodos de crise. Exatamente o que vivemos no mundo hegemonizado pelo neoliberalismo. Bolsonaro, Trump e Meloni estão aí para horrorizar o mundo moderno.
* Publicado originalmente no Brasil de Fato.
Edição: Katia Marko
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